Causas, pautas sociais e engajamento na luta contra a toxicidade. No mundo dos jogos, os gamers estão de olho em tudo e estão dispostos a lutar por um cenário melhor! E já tem muita marca de olho nessa movimentação. Então aperta o start e vem comigo conferir tudo o que rolou de melhor no segmento nesta semana!
No jogo das marcas, vence quem faz a diferença
Toda newsletter é o mesmo papo: começo dizendo que as grandes marcas já perceberam a importância de investir no mundo dos games. Essa é uma premissa que já está pacificada, né? Mas será que as marcas realmente percebem a oportunidade que têm em mãos quando falamos de investimento no segmento?
Semana após semana eu passo horas vasculhando a internet para entender o que está sendo feito por aí. São incontáveis ações de patrocínio, posts em redes sociais pensados para o público gamer, brincadeiras com a linguagem dos jogos e ações planejadas para impactar essa comunidade.
Mas antes de colocar grana nesse segmento, é importante que as marcas abram os olhos para quem, verdadeiramente, é esse público. E, principalmente, para o que é relevante para essa galera.
Investir em um segmento em expansão, como o mundo gamer, parece um caminho estratégico óbvio para marcas que precisam rejuvenescer suas bases de clientes e se conectar com um público que vive suas experiências, cada vez mais, de forma online. Apesar de óbvio, precisamos lançar um olhar mais atento para esse ecossistema.
A indústria dos games está crescendo rapidamente e enfrenta problemas graves como a toxicidade causada pelo machismo, pelo racismo, pela intolerância, pela violência virtual e pela covardia. Mas esse é um cenário que precisa ser revertido e a própria comunidade gamer já percebeu isso.
Sabemos que 72% dos brasileiros têm o costume de jogar jogos eletrônicos e, desses, 50,3% são pretos ou pardos, de acordo com a Pesquisa Games Brasil de 2021. Mesmo com essa divisão democrática, infelizmente ainda há racismo nesse meio. Neste final de semana, mesmo, repercutiu bastante um ataque sofrido por Victor “El Mito", uma das grandes revelações do cenário de Free Fire. O gamer foi chamado de “preto” em tom pejorativo por outro jogador durante uma partida e o ataque logo virou pauta de debate nas redes sociais.
Além da questão racial, outros temas sociais precisam ser destacados. Não existe mais aquela ideia de que só gente rica tem condições para jogar. A PGB mostra que 49,7% dos consumidores desse mercado pertencem às classes C,D e E.
Estamos falando de um público gigante e diverso, que quebra o estereótipo de que o gamer é aquele cara branco, trancado em seu quarto comendo salgadinho enquanto joga.
Esta matéria aqui do UOL, inclusive, traz um retrato brilhante de como os jogos influenciam o funk e protegem crianças em situação de vulnerabilidade, da violência. Vale a pena conferir.
Dito isto, trago aqui uma reflexão: como as marcas estão envolvidas na transformação social e no fomento e amadurecimento da comunidade gamer?
Algumas empresas, é claro, já perceberam a importância de estarem ligadas às causas sociais no segmento.
O Itaú, por exemplo, é uma marca que se lançou recentemente no universo gamer. No ano passado, o laranjinha se juntou à Twitch para patrocinar o canal #FeitoComTodes, um ambiente dentro da plataforma que tem o objetivo de promover, de forma perene, questões que envolvem a valorização da diversidade, a disseminação de boas práticas no chat da plataforma e também a presença segura da comunidade LGBTQIA+ no cenário dos esports e da tecnologia.
O bacana dessa ação, é que ela traz como premissa conteúdos co-criados, para os quais a própria comunidade pode sugerir temas e pautas a serem abordadas.
O Banco do Brasil também foi outro player do cenário financeiro que aproveitou a oportunidade para apoiar uma boa causa. No ano passado, a instituição promoveu uma live na Twitch em parceria com a organização AbleGamers Brasil para comemorar o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência.
A ação contou com a participação do streamer Gaules e com a presença dos streamers Fabrício SDW e Lais Facchin. Fabrício é membro da AbleGamers, streama jogos de corrida e tem Atrofia Muscular Espinhal. Já Laís costuma streamar jogando jogos de terror, mas também fala sobre literatura e cinema no seu canal. Ela tem uma doença muscular grave e, por isso, usa cadeira de rodas.
A ação do BB teve um QR Code por onde o público da live podia fazer doações diretas para a AbleGamers, instituição que dá visibilidade a jogadores com deficiência e luta pela acessibilidade desses gamers.
Mas as ações em prol de uma boa causa não param por aí.
A marca de energéticos Fusion decidiu se unir ao projeto AfroGames para estimular o desenvolvimento de jovens que moram na favela e possibilitar a inclusão digital no universo dos games. A Fusion promoveu o primeiro time de League of Legends criado com alunos escolhidos de uma turma de 2019, que moram em uma favela.
Outro case que repercutiu foi o do “Uncesored Library”, a Biblioteca Sem Censura. A ação do Repórteres Sem Fronteiras criou uma biblioteca repleta de textos censurados no Minecraft. Entre os textos, estavam uma série de reportagens censuradas. O objetivo do projeto foi dar voz a esses escritores, já que muitos desses textos são proibidos em sites ao redor do mundo, enquanto o jogo não é. Foi um hack bem legal para tratar de um assunto delicado e democratizar o acesso à informação.
Esses são só alguns exemplos de marcas que apostaram no investimento em causas sociais, mas os cases são inúmeros por aí.
Causas pra causar?
Olhando para todos esse exemplos, acho importante reforçar que, o que não dá pra fazer é escolher uma causa nobre apenas com a finalidade de “causar” no cenário. Qualquer marca tem a oportunidade de agir em prol de um cenário menos tóxico, mais inclusivo e diverso no mundo gamer. Mas é preciso entender quais ações fazem sentido para a marca e se realmente a iniciativa apoiada é uma causa pela qual a marca vai lutar de forma perene.
Ao mesmo tempo que a comunidade gamer adora as marcas que se envolvem em questões importantes para o segmento, ela também não é besta: apoiar uma pauta só para causar, enquanto internamente sua empresa não faz nada por ela, não cola para esse público.
Para criar vínculo com essa galera é necessário ser genuíno, original e jogar junto. Não existe single player quando o assunto é se conectar com o público gamer. Toda construção precisa ser conjunta, aberta e levar em consideração a potência desse segmento. É o único jeito de fazer uma boa jogada, sem correr o risco de um game over.
☠️ Não se falou em outra coisa nesta semana que não fosse a declaração do até então apresentador do Flow Podcast, Monark, na qual ele defendeu a criação de um partido nazista e também o direito de ser "antijudeu”.
A fala repercutiu entre autoridades, celebridades e, é claro, também no segmento gamer. Bruno “PlayHard”, por exemplo, que é coproprietário da LOUD, pediu para o Flow retirar do ar o episódio de que ele participou em março do ano passado. Já o site The Enemy rapidamente fez uma lista de “5 bons jogos para matar nazistas”.
No Twitter, o assunto também repercutiu.
🚏 Outro assunto que também já está dando o que falar no Twitter é uma ação da Oi Fibra, que lançou um projeto de Brand Experience que convida o público para uma imersão no mundo gamer. A Oi transformou um ponto de Ônibus em frente ao Barra Shopping, no Rio de Janeiro, em um ponto gamer, com leds chamativos e cadeiras gamers.
A ação chamou a atenção, é claro, mas já teve gente fazendo piada no Twitter contando que cadeiras foram roubadas.
E aí, vocês acham que a ação funcionou ou flopou?
🏈 Nesta semana, duas grandes potências anunciaram uma parceria para o Super Bowl. A FaZe Clan, organização fundada em 2010, comunicou uma parceria com a National Football League (NFL), com o objetivo de ampliar o público e promover esse match entre os esportes tradicionais e a comunidade gamer. A parceria mira o maior evento esportivo norte-americano e deve movimentar esse cenário. É um assunto para ficar de olho e arrisco dizer que esse tema ainda vai esquentar muito daqui pra frente!
👾 Na última edição da Assopra a Fita, tratamos da mensuração de campanhas e métricas em ações in-gaming. Se você perdeu, não tem problema! É só clicar aqui para conferir! :)
Já assinou a news? Então…
⬛ 🟩 🟩 🟨 ⬛ 🟩
🟩 🟩 🟩 🟩 🟩 🟩
Ainda na temática das causas sociais, vamos encerrar a news com um exemplo de uma iniciativa recente e bem legal!
A empresa de telecomunicações britânica BT se uniu à EA Sports para lançar a campanha “Hope United”, no FIFA 22, e combater ataques de ódio nos games. Os gamers podem se unir à campanha vestindo seus times com um kit especial de uniformes, que foi adicionado ao modo Ultimate Team do jogo.
O kit temático é gratuito e os jogadores podem vestir a camisa e mostrar seu apoio à campanha de forma online. O diretor de marketing da EA, James Salmon, falou sobre a iniciativa:
"Os videogames devem ser divertidos, justos e seguros para todos, queremos que os jogadores desfrutem da melhor experiência online possível. Levamos nossas responsabilidades a sério, fornecendo ferramentas e ajudando os jogadores a entender como usá-las de forma eficaz. É por isso que unimos forças com o BT Hope United e estamos ao lado deles pedindo aos nossos jogadores que enfrentem o ódio online juntos."
A campanha traz uma solução simples e criativa para o problema, a partir do insight de que os ataques dentro dos games não afetam só os personagens que estão ali em cena, mas também as pessoas que ficam por trás dos controles remotos.
As marcas parceiras entenderam que a união e os protestos feitos dentro do jogo, da mesma forma, podem ter um impacto positivo e ajudar a mudar o comportamento das pessoas que fazem ataques de ódio enquanto jogam.
É uma ação muito interessante, porque mostra exatamente o potencial das marcas de se aproximarem da comunidade gamer e de entenderem que essa galera tem o poder de transformar a realidade. É sobre usar os jogos como caminho para viver em um mundo melhor, mais democrático e mais saudável para todos.
Inspirador, né? Para saber mais sobre a campanha é só acessar o site criado para a ação, clicando aqui.