Fortunas, previsões e como olhar para as empresas mais valiosas de esports
Nesta semana, li um artigo genial da Forbes que faz uma análise das organizações de esports mais valiosas de 2022.
De acordo com a reportagem, a indústria dos esports continua mostrando seu potencial massivo de crescimento. Para se ter uma ideia, um relatório publicado em abril pela Newzoo, mostra que, neste ano, a audiência global de esports deve chegar a 532 milhões de pessoas, incluindo 261 milhões de “entusiastas” - público que assiste conteúdo sobre o tema mais que uma vez por mês. Para pensar na enormidade disso, basta lembrar que a audiência do Super Bowl, um dos maiores eventos esportivos do mundo, chegou a 112 milhões de espectadores, segundo a NBCUniversal.
Apesar dos números expressivos, é preciso lembrar que, quando falamos de esportes eletrônicos, estamos falando de diversas modalidades esportivas. Um fã de League of Legends não necessariamente é um fã de Call of Duty.
Quem tem um ponto de vista muito legal sobre isso é o Bernardo Mendes, CGO da DRUID Creative Gaming. Ele conversou com a galera do podcast Braincast e lembrou que, quando pensamos em esports, deveríamos sempre pensar em Olimpíadas, ao invés de imaginar uma modalidade específica. Isso porque estamos falando de um universo de milhares de jogos, cada um com seus fãs, cada um com seus nichos. Para as marcas que querem se aventurar nesse universo, é muito importante fazer essa diferenciação.
Feito esse parêntese, voltamos à análise da Forbes. O artigo fala sobre as organizações de esports mais valiosas do mercado atualmente. Em relação a esse assunto, é sempre bom lembrar que as empresas são analisadas a partir de uma valuation, ou seja, de uma metodologia que os investidores usam para determinar o quanto essa organização vale, com base em seus fundamentos, balancetes e todas as outras métricas que eu, obviamente, não vou saber citar.
De forma muito simplificada, é um calculo que leva em conta o valor presente da empresa somado à capacidade financeira que ela apresenta para o futuro.
E é aí que mora o perigo. A FaZe Clan - organização de esports que é um fenômeno global - anunciou que já estava valendo 650 milhões de dólares, mas que esse número ia aumentar, pois ela atingiria a bagatela de um bilhão de dólares.
Para a Forbes, essa valuation estratosférica foi uma das provas de que o universo dos esports retomou sua ascensão, após dois anos em que o valor dos empreendimentos só vinha caindo.
Apesar dos números positivos e das previsões de futuro que trazem valores que eu nem consigo imaginar em notas de real, o mais legal da análise da Forbes não é isso.
A revista apresenta esses dados como forma de alerta, lembrando que a indústria dos esportes eletrônicos pode até se animar com as cifras altas, mas que a realidade hoje é outra. Isso porque os esports se firmam em um ambiente muito competitivo e a maioria dessas empresas que tiveram uma valuation gigantesca, são empresas que foram valorizadas não apenas por suas equipes e times competitivos, mas por seus outros pilares da atuação.
Quando pensamos na FaZe, por exemplo, fica muito claro que a produção de conteúdo com influenciadores, a venda de um “lifestyle” e a estratégia de criação de conteúdo por nichos são os pilares que fazem a org ser um fenômeno, reunindo um fandom gigantesco de pessoas que veneram a organização. Não tem só a ver com um time, tem a ver com um estilo de vida que é vendido pela org.
“A monetização continua sendo o maior desafio para qualquer time de esports. Chegamos ao ponto em que a maioria das organizações está tentando encontrar a saída de um labirinto, enquanto muitas delas estão presas, dando voltas em uma rodinha como hamsters. Se tem uma coisa que é clara, é que ninguém conseguiu encontrar uma saída.” - Bobby Sharma, investidor e sócio da Electronic Sports Group.
Em um cenário tão lucrativo, achei importante trazer a análise da Forbes. Principalmente quando trabalhamos com marcas não endêmicas do cenário, é fundamental ter em mente que as estratégias envolvendo o universo dos games não devem ser vistas de maneira unidimensional.
O cenário gamer e dos esports precisa ser estudado a fundo e entendido como um ambiente de muitos desafios. A criação de conteúdo, como a FaZe faz brilhantemente, não é tudo, quando pensamos no futuro. Por estarem diretamente ligadas à tecnologia, outras organizações e empresas já notaram que precisam investir naquilo que há de mais novo: metaverso, cripto, Web3. Podem parecer conceitos ainda pouco tangíveis, mas para quem está de olho no futuro, isso vale muito.
Leio tudo isso e fico me perguntando: como as marcas que a gente atende no dia a dia podem se inserir nesse cenário? Como podemos mergulhar nesse universo de forma natural, nos conectar com o público e, o mais importante, trazer resultados negociais sólidos para as empresas que atendemos?
A resposta é: não existe uma resposta certa. O que existe é esse trabalho exaustivo de olhar para o mercado todos os dias e, assim como os grandes investidores, ficar de olho nas tendências e em como o futuro pode se moldar a partir de nossas ações. Além disso é importante encarar os números com frieza e não tentar vender uma estratégia gamer só porque as pesquisas apontam um mercado bilionário.
Enquanto estrategistas, é fundamental questionar tudo e, mais do que isso, entender o que realmente faz sentido para os nossos clientes. Nem todo mundo precisa estar no metaverso. Nem todo mundo precisa pensar em uma ação tão legal quanto Travis Scott no Fortnite.
Mas todos nós precisamos entender como ser verdadeiramente relevantes para essa comunidade. Pode até ser no metaverso. Mas pode ser, também, fazendo um ad dentro do joguinho de celular que meu pai joga, que vai premiá-lo com moedinhas extras e que vai deixá-lo super feliz. Depende do público. Depende da marca. Depende dos objetivos.
É sempre bom frisar: não existe cogumelo mágico que te faça crescer nesse mundo.
Para finalizar, deixo aqui a lista das dez organizações de esports mais valiosas, de acordo com a Forbes. Um segredo? A FaZe não está em primeiro lugar.
Pra incrementar a XP:
➡️ Essa edição da Newsletter do Tiago Leifert em que ele fala sobre valuation e a GameStop.
➡️ Como os games estão transformando os negócios, episódio do Braincast com o CGO da DRUID.
➡️ Matéria completa da Forbes, “The Most Valuable Esports Companies 2022”
➡️ Artigo da Newzoo com dados do mercado de esports.
⚽ Quem aí curte um Fifinha de lei? Pois é, não se falou em outra coisa nesta semana que não fosse o rompimento da Electronic Arts (EA) com a Fifa. A partir de 2023, a franquia vai mudar de nome para EA Sports FC, dando fim a anos de história com o nome Fifa. Será que jogar o EAzinho vai ser o mesmo que jogar um Fifinha? Depois dessa treta, rolaram muitas farpas entre as entidades. A Fifa, mesmo, garantiu que vai firmar novas parcerias de licenciamento num modelo de não exclusividade mantendo "a marca FIFA como a melhor" no mercado de games.
👀 Parece que o SBT e a Oi estão de olho em novos talentos no mundo dos games. As marcas lançaram o The Next Streamers, um concurso para descobrir quem vai ser o próximo influenciador do SBT Games. Qualquer streamer pode participar da ação, não importa o número de seguidores ou o tamanho da comunidade. Iniciativa bem legal para quem quer uma chance de conquistar visibilidade no meio, né?
🏆 E a Taça da Patroa continua dando o que falar. Anitta chegou com tudo anunciando seu campeonato feminino de Free Fire.
👾 Na edição passada da Assopra a Fita, falamos sobre a estratégia de entrada do Spotify no Roblox. Se você perdeu, não tem problema. É só clicar aqui para conferir.
Para fechar a news com chave de ouro, vamos falar sobre uma ação sensacional que a Budweiser Colômbia promoveu no universo dos games. Junto com a agência DAVID Bogotá, a Budweiser lançou o Royalty Free Bot, uma ação que integra música e games de um jeito muito perspicaz.
O que rola é que a Bud percebeu que milhares de streamers são banidos de plataformas por utilizarem músicas sem direitos autorais em suas transmissões. Enquanto isso, milhares de cantores e artistas muito promissores passam despercebidos todos os dias, simplesmente porque não têm ninguém olhando para eles, dando palco para suas músicas. O insight da Bud, então, foi unir esses dois fatos para “hackear” esse sistema.
A solução da Budweiser foi comprar os direitos de mais de 15 mil músicas de artistas que seguem esperando por reconhecimento e liberar esses direitos. Depois, a marca criou um bot num servidor do Discord para disponibilizar essas musicas gratuitamente para os streamers.
Um insight simples, mas que mostra como é fundamental entender o que realmente é relevante e necessário para a comunidade gamer.
E você, conhece algum case legal de games que vale a clipada? Compartilha comigo e me conta aqui!