Assopra a Fita #27
A potência do Fortnite para as marcas e o investimento de creators no modo criativo do jogo
Começo esta edição de sexta-feira muito feliz, porque conquistamos 40 novos assinantes na semana passada! Para quem está chegando, seja bem-vindo. É ótimo ter você por aqui! ❤️
Mais uma vez, só tenho que agradecer a todo mundo que ajudou a divulgar e tem apoiado meu trabalho! Essa torcida de vocês é o que faz tudo valer a pena :)Então aperta o play e bora falar de games!
A edição de hoje está repleta de Fortnite, Nike, World of Warcraft e muitas outras ações inspiradoras de marcas. Let’s!
Creators e a potência do modo criativo do Fortnite
Dia desses li um post interessante no LinkedIn que falava sobre a prática de “gamewashing”. O termo em inglês se refere, basicamente, às marcas que entram no mundo dos games de qualquer jeito, apenas porque acreditam ser um mercado lucrativo. Essas marcas não têm uma atuação consolidada no cenário e nem conseguem se conectar com a comunidade. Estão ali apenas por causa do hype.
O que acontece é que chegamos a um ponto em que está todo mundo tentando abocanhar uma fatia desse mercado. Eu, por exemplo, raramente preciso fazer apresentações em que tenha que convencer o cliente sobre o tamanho e a lucratividade do segmento. A essa altura do campeonato, todo mundo já entendeu o potencial da movimentação monetária do público gamer, né?
Mas as marcas que quiserem fazer a diferença e se destacar nesse universo precisam abrir os olhos e perceber o que realmente é relevante pra essa galera. E existe um jogo, especificamente, que tem chamado a atenção por suas possibilidades de atuação e, também, por concentrar um público gigantesco e apaixonado: o Fortnite.
Se você trabalha para uma marca não endêmica e está começando a atuar no mundo gamer, muito provavelmente já deve ter ouvido falar do show que o rapper Travis Scott fez dentro do jogo, lá em 2020. O evento foi um divisor de águas para que as marcas arregalassem os olhos e começassem a farejar todas as possibilidades existentes ali dentro.
Para quem não sabe, o Fortnite possui um “modo criativo”. Isso significa que qualquer gamer pode fazer a programação de um mapa diferente, personalizado, da forma como ele quiser. A galera mais hypada chamaria isso de Metaverso, mas o modo criativo do jogo não é uma novidade: desde dezembro de 2018 a Epic Games vem trabalhando essa função, sempre com atualizações que trazem novas possibilidades de ferramentas e funcionalidades.
E o mercado está pirando com isso. Alguns exemplos, só para ilustrar:
No ano passado, a Epic Games fez uma parceria com a Balenciaga, uma das marcas de luxo mais queridinhas do mercado. Além de uma coleção incrível de skins feitas com modelitos da marca, a Epic também promoveu um mapa temático, onde os jogadores podiam visitar uma grande loja da grife.
Dia desses, quem também bateu ponto no Fortnite foi o rapper brasileiro Emicida. O show do astro aconteceu em um mapa que ia se transformando de tempos em tempos, proporcionando uma experiência dinâmica para quem estava jogando e assistindo ao espetáculo. Vou deixar o vídeo aqui para vocês.
Creators Economy
No final das contas, precisamos pensar em como fazer essas ações da forma mais efetiva e orgânica possível para quem está jogando. As marcas precisam fazer parte das experiências do jogador e não se inserirem de qualquer jeito no jogo.
E é nesse cenário que entra a “Creators Economy” ou Economia dos Criadores. Já não é de agora que as marcas perceberam a importância de investir em influenciadores e trazer essas personalidades para a narrativa de suas empresas.
Além disso, tecnologias como a de NFTs têm sido responsáveis por dar cada vez mais protagonismo a quem cria, expandindo um universo de possibilidades em que o próprio artista controla a forma como sua arte é comercializada.
É claro que no mundo dos games não seria diferente. Quando pensamos em influência, pensamos também em co-criação e na construção de conteúdos que tenham o DNA daquela personalidade contratada. E o Fortnite tem seguido um caminho muito interessante nessa direção.
Isso porque os creators de Fortnite - ou seja, os gamers que costumam construir mapas no modo criativo do jogo - estão criando empresas próprias apenas para realizar essas experiências dentro do game.
No caso da Balenciaga, por exemplo, três creators foram os responsáveis por fundar a empresa que executou o projeto: o estúdio Beyond Creative.
Kasper Weber, um desses fundadores, falou em entrevista ao site The Verge:
“O fato de que eu posso construir jogos, agora com uma equipe de quase 10 pessoas, e todos nós fazemos isso para viver, acho isso bastante impressionante. Acho que meus pais nunca pensariam que isso seria possível”.
A empresa de Weber também já criou experiências no Fortnite para marcas como Carrefour, Chipotle, LG e Adidas.
No caso do show do Emicida, que citei ali em cima, foi a empresa Zen Creative a responsável por criar a experiência. A Zen também é um estúdio criativo especializado exclusivamente em Fortnite.
É claro que o Brasil não fica de fora desse movimento. Na última semana, os influenciadores Sharshock, Clebito e Droust anunciaram o lançamento da Pixel Hunter, organização que também vai criar ativações de marca exclusivamente para o jogo.
A empresa surgiu justamente porque os três fundadores já tinham desenvolvido, separadamente, trabalhos para marcas como YouTube, Renner, Ruffles, Samsung e Daki dentro do jogo.
"A nossa expertise une a visão que temos da comunidade com o profissionalismo que desenvolvemos ao longo dos anos atuando com as marcas no universo de Fortnite. Além dos mapas para as marcas, também criaremos mapas próprios para a comunidade do Fortnite competir e se divertir", comentou Sharshock.
O primeiro projeto da empresa, inclusive, será um mapa do estilo Prop-Hunt, idealizado para lançar uma nova TV da Samsung dentro do game.
Por que ficar de olho nisso?
Os números investidos em Fortnite têm aumentado cada vez mais. Para se ter uma ideia, de acordo com Tim Sweeney, CEO da Epic Games, os usuários têm passado quase metade do seu tempo dentro do jogo em mapas criados por outras pessoas, no modo criativo. Apenas a outra metade do tempo é passada dentro do conteúdo criado pela própria Epic.
Isso é um sinal claríssimo de que há um mar de oportunidades abertas para quem quer investir no Fortnite. E é claro que, para fazer isso da forma mais efetiva possível, o caminho é firmar parcerias com quem já entende do game e sabe o que o público quer ver.
Para finalizar, recomendo a leitura deste artigo da The Verge, que explica ainda com mais profundidade porque vale a pena para os creators investirem em marcas, ao invés de apostarem no próprio programa de desenvolvedores da Epic Games. Vale a pena gastar um tempinho lendo tudo. GG!
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🤳A Samsung continua investindo pesado no mercado gamer. Nessa semana, a marca apresentou o The Galaxy Against Glitch, jogo voltado para os usuários da linha Galaxy. O jogo tem a pegada retrô e se passa no ano de 2089, quando uma fenda temporal se abre e espalha baixa resolução por aí. Alguém já jogou?
💲O universo gamer é tão promissor que bancos, fundos de investimentos e até mesmo grandes artistas estão de olho nesse segmento. Essa ótima matéria da Folha de S. Paulo faz uma análise cirúrgica desse cenário. Vale a pena conferir.
👀 Pra ficar de olho: uma galerinha está desenvolvendo um game independente em que você pode jogar como se fosse um brinquedo, em uma loja de brinquedos. O game está viralizando na internet… Watch out!
👾 Reunimos os principais cases de games vencedores do Festival de Cannes na edição especial da Assopra a Fita na semana passada. É inspiração atrás de inspiração!
Já imaginou ser o personagem de um game e não ter ideia de que a vida real existe aqui fora? Bom, a galera do World of Warcraft teve a possibilidade de brincar com essa ideia. A proposta foi ousada: criar um curta-metragem em Live Action do game, que poderia dar muito certo, mas que também tinha chances de não encantar os gamers. O resultado incrível eu deixo com vocês:
A estratégia da Activision Blizzard foi muito perspicaz, porque subverteu a lógica do real e do virtual. A proposta do curta-metragem foi estabelecer uma conversa com gamers que já ouviram falar de WoW, mas que ainda não jogaram o jogo. O objetivo da campanha foi justamente o de romper as barreiras de entrada no jogo, criando uma narrativa envolvente e inspiradora para quem leva uma vida mundana do lado de cá das telas.
Apesar do público-alvo ser o de não jogadores, é impressionante o cuidado que a campanha teve com os fãs do jogo. É claro que o clipe é repleto de easter-eggs que só quem é apaixonado pelo universo de WoW vai pegar no ar. O vídeo é engraçado, mas mantém a atmosfera do game de um jeito muito bem estruturado.
E, no final, a mensagem é muito simples: é muito mais emocionante jogar World of Warcraft do que passar horas “rolando” a tela do seu celular aqui fora.
E você, ficou com vontade de jogar?
Eu, pessoalmente, nunca joguei. Mas depois desse clipe, até larguei o celular aqui.
For Azeroth! Até semana que vem!