Coca-Cola tentando fazer mágica nos games. Riot movimentando o cenário de League of Legends, com a estreia de Arcane na Netflix. Está todo mundo tentando jogar o jogo, mas tem muita gente se arriscando perigosamente com 1 de vida. Vem comigo!
(Not so) Well Played
Recentemente, a Coca-Cola fez uma movimentação ousada em relação ao universo gamer. No final de setembro, a gigante apresentou sua nova plataforma global de marca, intitulada “A Magia Acontece”. A ação contou com a campanha “Estamos a uma Coca-Cola de distância”, uma proposta de interação com o universo dos games e dos esports que acabou no mínimo controversa.
Vou resumir a treta pra vocês: o filme da campanha traz uma emotiva história de um pro-player que joga algo semelhante a World of Warcraft. Até aí tudo bem, né? Quando tudo parece perdido, nosso competidor toma um gole de Coca. Seu avatar online recupera as forças e… decreta a paz dentro do jogo, bem no meio do torneio.
A ideia - que com certeza tinha o objetivo de emocionar - não repercutiu bem entre o público. Para vocês terem uma ideia do nível de dano, basta observar o vídeo da campanha no YouTube. E só clicar no link e acompanhar a maré de críticas nos comentários. O mais grave é que são 1,4 mil likes contra 16 mil deslikes. Né brinquedo não.
Por que isso tudo aconteceu?
Li diversas análises sobre esse sentimento de insatisfação e trouxe aqui alguns pontos que considerei mais importantes para entendermos esse rolê.
A primeira coisa é: já sabemos que o universo gamer é gigantesco. Mas precisamos, de verdade, parar de fingir que sabemos quem é o nosso público. A vida de um gamer não se resume a jogar. Ele tem outros hábitos, preferências, manias e jornadas como qualquer consumidor.
Quando pensamos em uma pessoa que ama assistir séries, por exemplo, não assumimos que essa é a única coisa que ela faz da vida. O primeiro aprendizado é que não devemos “generalizar” o nosso público. O desafio, aqui, é fugir dos estereótipos e conceitos pré-definidos de como essa galera se comporta.
Segunda coisa: o mundo gamer é repleto de problemas. Estamos falando de um universo conhecido pela toxicidade, pelo preconceito, pelos preços altos de setups, pela falta de inclusão e de acessibilidade a pessoas com deficiência. Como em qualquer comunidade, os problemas são inúmeros e estão aí.
Mas a verdadeira mágica desse público é que se trata de uma comunidade muito engajada em mudar tudo isso. São milhões de pessoas jogando e batalhando por um cenário melhor, empenhando suas energias em tornar toda a experiência mais legal para todo mundo, lutando contra a toxicidade e contra a falta de inclusão.
Acredito que um ponto a ser avaliado é o fato da Coca ter feito um comercial em que o jogo… o próprio jogo, a competição online, em si, é o maior "problema” a ser resolvido. Você não vê por aí um comercial de futebol ou basquete em que os competidores simplesmente param de jogar, né? Aí é que tá. As batalhas virtuais não são o problema. O que acontece aqui fora, sim.
Dito isto, fica a reflexão: é muito legal que as marcas estejam entendendo a magnitude do universo gamer. Inclusive, essa não é a primeira vez que a Coca-Cola faz ações relacionadas ao mundo dos esports. Esse movimento é importante e demonstra a força dessa comunidade.
E é sempre bom ver uma marca como a Coca-Cola investindo nesse público, ainda mais em um movimento grande, como o lançamento de uma nova plataforma de marca. Mas precisamos tomar cuidado com a forma de fazer isso. E sempre, sempre, sempre trazer o público para dentro das conversas na hora de fazer uma jogada como essa.
Corre aqui e fica de olho:
📲 A Motorola, em parceria com a BBL, lançou um reality show gamer, que revelará pro-players de League of Legends: Wild Rift, para representar a equipe do Flamengo Esports. O que chama a atenção é a transmissão semanal exclusiva no TikTok, plataforma que tem investido cada vez mais no público gamer.
🏦 Não é novidade que o Itaú fez uma entrada barulhenta no mundo dos esports neste ano. Esta matéria aqui traz a explicação da estratégia por trás da plataforma #IssoMudaOGame.
💸. Ficou na dúvida sobre o futuro da publicidade nos games? Acho que não precisa. Afinal, levantamento aponta que, até 2025, 93% dos compradores de mídia têm a intenção de veicular anúncios in-game.
👾 Perdeu a nossa edição de estreia? Na semana passada, falamos sobre o lançamento da Netflix no universo dos games mobile. É só clicar aqui para conferir.
Não se falou em outra coisa nesta semana que não fosse o lançamento de Arcane na Netflix. A série animada da Riot é basicamente uma declaração de amor aos fãs de League of Legends. A produção foi criada como uma grande celebração e homenagem aos personagens de LoL e movimentou (e muito) o cenário.
Deixo o trailer aqui para vocês:
A série estreou no último sábado (6) no catálogo e contou com várias ativações ao redor do mundo.
Destaco aqui a transmissão ao vivo do primeiro episódio na Twitch da Riot, onde vários streamers podiam retransmitir a live em seus canais. A iniciativa trouxe aquilo que o gamer tem de mais forte: o senso de comunidade e a possibilidade de compartilhar essa experiência juntos.
Outro ponto positivo e super legal foi a tradução em Libras da animação, que alegrou a comunidade de PCDs (mesmo que uma galera sem noção estivesse pedindo para tirar o intérprete da transmissão).
Outro destaque que não poderia ficar de fora foi a parceria inédita da Riot Games com o iFood, que criou restaurantes pop-ups exclusivos para prestigiar a chegada dos episódios. Até o dia 27 de novembro, usuários do app em 50 cidades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais podem pedir lanches como frango frito, cachorro quente e hambúrguer e ainda levar brindes exclusivos da série.
O gerente geral da Riot Games no Brasil, Diego Martinez, inclusive falou sobre o assunto:
“Com este lançamento, queremos convidar o público que vai assistir Arcane a ter uma experiência completa, indo além da tela do streaming e dos jogos, unindo o real ao virtual”.
E não bastasse todo esse sucesso, ainda tem mais: Arcane simplesmente se tornou a série mais bem-avaliada da Netflix no IMDB. Até esta terça-feira (9), a animação contava com 9.4 de média na plataforma, superando sucessos como The Witcher e Round 6.
Tá bom, ou quer mais? Se eu fosse você, já corria para assistir agora. Ah, e se você é fã de League of Legends, se ligue: o The Enemy reuniu aqui os easter-eggs encontrados em Arcane.
🎮 Player 1: A curadoria, escrita e edição desta newsletter é feita por Bruna Goularte, jornalista que e atua como estrategista de marcas para o segmento de games e esports. Nas horas vagas, tenta jogar algo que não seja Super Mario (sem muito sucesso).
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Muito legal o conteúdo dessa edição. É bem interessante olhar pra autenticidade e a verdade como fatores tão importante para o público gamer. Mesmo marcas que tem trabalhos legais e consistentes no universo tem que se manter atentas para conseguirem manter a conexão. Bem interessante.