Quando o assunto é dançar conforme a música, a comunidade gamer dá show. É por isso que a indústria musical está entrando no ritmo dos games. Temos muitos exemplos por aí: de Travis Scott a Ariana Grande. De Lil Nas X a Baiana System. Todo mundo já percebeu o poder de conexão que existe entre games e música. Dá o play e vem conferir essa discussão pra lá de sonora!
O mundo gamer está dançando conforme a música e tem muito som bom por aí
Não é novidade para ninguém que games e música são universos que estão intimamente conectados. Apesar disso, é interessante perceber como o mundo dos games tem influenciado a forma de consumir e produzir músicas.
Principalmente por conta da pandemia de Covid-19 - que paralisou os eventos presenciais em todo o mundo - os artistas tiveram que se reinventar e entender como manter a conexão com os fãs, mesmo de casa. Nesse cenário, é claro que o metaverso apareceu com tudo. De repente, tivemos vários exemplos legais de shows que aconteceram dentro de games - trazendo experiências únicas para os jogadores.
Separei alguns exemplos para ilustrar todo essa movimentação do mundo físico e do mundo virtual.
Para abrir a discussão, não poderíamos falar de outro case que não fosse o show do rapper Travis Scott no Fortnite. O espetáculo aconteceu em em abril de 2020 e foi uma das experiências mais marcantes do cenário. Com um avatar gigante dentro do game e efeitos psicodélicos, o show foi assistido por 14 milhões de fãs, que consideraram o evento como um marco dentro do Fortnite.
Mesmo com toda a repercussão positiva no período, recentemente a Epic Games decidiu remover o emote de dança Out West, que representava o rapper, da loja do Fortnite. Isso aconteceu após a tragédia ocorrida em novembro em um show de Travis nos Estados Unidos, quando oito pessoas morreram e mais de 300 pessoas ficaram feridas. É importante pontuar que a comunidade gamer abraça os artistas que ama, mas também é ativa em questões sociais como estas - sempre cobrando por posicionamento e respostas.
Outro show poderoso dentro do Fortnite foi o da cantora pop Ariana Grande. A experiência colorida e contagiante conseguiu se diferenciar bastante do show de Travis Scott. O concerto trouxe uma possibilidade de imersão em um show que foi dividido em duas partes. A primeira - antes de Ariana começar a cantar - trouxe uma proposta mais interativa, na qual os participantes podiam jogar mini-jogos enquanto aproveitavam músicas de Mashmello, Sia e Wolfmother.
Já na segunda parte, Ariana Grande entrou em cena trazendo um cenário cheio de glitter, cristais e cores saídas diretamente de sua imaginação. Nesta segunda sessão, o fã era apenas espectador de um espetáculo sonoro e marcante.
O terceiro exemplo vem da Inglaterra, com o show da dupla Royal Blood, que performou diretamente no Roblox. Em março deste ano, os artistas foram convidados para tocar no Roblox’s Bloxy Award, premiação que reuniu quase um milhão de pessoas de todo o mundo para celebrar as experiências e criadores mais incríveis do game.
A apresentação da banda foi impressionante por realmente trazer a “vibe” de um show ao vivo. Além disso, os artistas também aproveitaram o evento para lançar “Limbo”, single de seu novo álbum, dentro do game. A ação trouxe um pouco de rock para a nova geração que acompanha o jogo todos os dias.
Ainda dentro Roblox, outro show que deu o que falar, foi o do artista Lil Nas X. O rapper simplesmente encantou os jovens jogadores de Roblox com um avatar gigante em um cenário dinâmico que mudava de acordo com a temática de sua música.
Para se ter uma ideia, o show atraiu mais de 30 milhões de visitantes nas quatro performances realizadas no jogo. Para gerar ainda mais buzz para a ação, Lil Nas X também jogou Roblox com alguns dos YouTubers mais famosos da plataforma. Né brinquedo não, né?
As experiências de shows dentro dos games não se resumem a grandes astros internacionais. Aqui no Brasil, já tem gente explorando também esse universo. Para comemorar o aniversário de um ano do game Valorant, a publisher Riot Games decidiu promover uma live com show do grupo Baiana System dentro do game. A banda é, atualmente, um dos maiores expoentes da música independente brasileira.
E não pensem que essa relação com as músicas se resume a show que são feitos dentro desse “metaverso”. Nada disso. A relação dos músicos com os gamers se dá principalmente por conta da força desta comunidade.
Quem não se lembra, no ano passado, da entrada de Anitta no universo, quando lançou um canal de games no Facebook? Semanalmente, a artista streamava e aprendia a jogar ao vivo, contando com a participação de grande nomes do cenário, como Nobru e Samira Close.
Anitta - que é uma empreendedora nata - percebeu que também podia explorar esse mercado de entretenimento que está se tornando muito maior do que o mercado musical.
Além disso, o lançamento do single “Modo Turbo”, uma colaboração com Pabllo Vittar e Luisa Sonza, também trouxe um videoclipe que se aproxima do público gamer.
Um outro exemplo ótimo é o do rapper Marcelo D2. O artista criou o projeto “Assim Tocam Meus Tambores” em uma das maiores redes sociais gamers da atualidade: a Twitch. Através da plataforma, o rapper chamou seus fãs para produzir e gravar 150 horas de um álbum colaborativo ao vivo no canal. Isso significa que os fãs puderam opinar e ajudar a construir o álbum do cantor.
Esse tipo de conteúdo, centrado no artista e em sua comunidade, está criando, cada vez mais, uma base de fãs mais engajada do que anteriormente. Além disso, está mudando a forma de se consumir música: estamos saindo de uma realidade em que o artista criava e nós consumíamos, para uma realidade em que a experiência colaborativa e social também se reflete no produto musical final.
Dito isto, fica aqui a provocação: nesse cenário em expansão, como as marcas podem explorar essa conexão entre músicas e games, de modo a criar ainda mais relevância para seus produtos?
A dica é simples: é preciso lembrar, sempre, que o gamer não é apenas um gamer em sua vida: ele tem outros hobbies, ouve música, vê filmes e tem preferências como qualquer outro tipo de público. Principalmente em se tratando de marcas não-endêmicas, é preciso entender como o entretenimento musical pode ser uma chave para criar experiências inesquecíveis para um público específico, deixando de ser tão abrangentes em suas ações.
🎶 Ainda falando em música, a Som Livre lançou a sua primeira parceria com a Epic Games, a desenvolvedora do Fortnite. O pacote sonoro contempla cinco faixas de diferentes estilos musicais da gravadora, com o objetivo de atingir os gostos variados dos gamers. Sertanejo, rap e pop foram os gêneros escolhidos para embalar as playlists oficiais e já se encontram disponíveis nas rádios do Fortnite.
“A parceria entre Som Livre e Fortnite só reforça a sinergia natural que envolve música e games no universo digital. Estamos procurando sempre oferecer diferentes experiências para o público e buscando novas audiências para o nosso time de artistas. Sertanejo, rap e pop são os ritmos preferidos dos brasileiros e é muito significativo podermos ampliar o alcance desses gêneros fazendo parte de uma das maiores plataformas de jogos do mundo” - Maria Tripicchio, gerente de planejamento digital da Som Livre
🚗 E tem polêmica no ar. É que a Tesla atualizou seu software, permitindo que os ocupantes do veículo joguem games enquanto dirigem. A iniciativa deu o que falar, levantando questões sobre a segurança e sobre a distração do motorista. Anteriormente, os games só podiam ser jogados com o veículo parado.
🏦 Na edição passada do Assopra a Fita, falamos sobre o GTA RP. Nesta semana, o Banco do Brasil anunciou oficialmente a sua entrada no metaverso, no servidor “Complexo”. No server do RolePlay, os gamers vão poder interagir com uma sede do Banco do Brasil, igual à que existe em Brasília, além de fazer tours virtuais pelo Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, onde poderão conferir a exposição “Egito Antigo”. Trago esta ação com um gostinho especial, porque fiz parte da concepção do projeto. Bom demais! #TamoJuntoNesseGame
👾 Perdeu a edição passada do Assopra a Fita? Clique aqui embaixo para conferir!
Para continuar falando sobre o poder sonoro dos games, trouxe um case antigo, mas muito legal. Não estamos falando de música, mas de podcast, um outro tipo de conteúdo que também tem o potencial de fazer com que marcas se conectem com o público.
Em 2019, a Ubisoft deparou-se com o desafio de lançar o game The Division 2 para um público gamer que, eles perceberam, não costuma se engajar em anúncios de publicidade tradicional. Foi aí que veio a grande sacada: a publisher decidiu criar um podcast para ser tocado dentro do Ghost Recon Wildlands, um jogo considerado “irmão” da série The Division.
Os jogadores, então, que andavam de carro no jogo, puderam ouvir na rádio de seus carros virtuais, a história de sete crianças que sobreviveram ao apocalipse e que partiam numa jornada em busca de um lugar seguro. Tudo isso para divulgar o lançamento do game e oferecer um gostinho da história.
Eu adoro esse case porque ele traz vários insights interessantes. Primeiramente, o entendimento profundo dos hábitos do público e a forma como ele se comporta no dia a dia.
Em segundo lugar, me chamou a atenção a coragem de usar um formato como o podcast - que tradicionalmente é agregado em grandes plataformas digitais como Apple Podcasts, Spotify e Deezer - e subverter a lógica de distribuição do conteúdo. Isso mostra que, quando se trata de games, há um grande potencial para se pensar em ideias diferentes e criar narrativas que adaptem hábitos da vida offline para dentro das experiências online.
Bom demais, né? Deu até vontade de ouvir!
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